sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Beto Mansur fala do caos em que se transformou a entrada de Santos

Insuportável. Essa é a melhor definição para o trânsito registrado na entrada de Santos desde que a Safra de Açúcar, uma das maiores da história, começou a ser escoada pelo cais santista em meados de junho. Na manhã de quinta (09/09), por exemplo, presenciei um grande congestionamento na ida para São Paulo e me vi no meio de um grande engarrafamento quando voltei de lá, às quatro da tarde. A fila de caminhões começava no Jardim Casqueiro. Por sorte, não perdi nenhum compromisso, mas penso nas milhares de pessoas, sejam caminhoneiros ou motoristas de carros de passeio, prejudicados pelo caos no tráfego... Um caos que não é mais uma exceção e que deve se repetir ainda muitas e muitas vezes.

A entrada de Santos é como o gargalo de um funil... Mas isso, todos já sabem. O que talvez poucos tenham se dado conta é que a boca desse funil só tem aumentado. A inauguração do trecho sul do Rodoanel, obra importante e necessária, pode ter resolvido a questão do trânsito na Avenida dos Bandeirantes, em São Paulo, mas piorou a situação já precária do único acesso a Santos. O sistema viário local é o mesmo há décadas e não suporta mais o sucessivo crescimento do fluxo de caminhões. Se Santos já tem dificuldade para lidar com os cinco mil veículos pesados que rodam pela cidade diariamente, imagine quando esse número dobra. E foi o que aconteceu nesta quinta. Pelo menos dez mil caminhões tentaram acessar o porto ao mesmo tempo, uma falha de logística que até poderia ter sido absorvida se outros problemas estruturais já estivessem solucionados.

A questão é que os investimentos em infraestrutura, além de tímidos frente às necessidades do porto, estão saindo do papel muito lentamente. A perimetral portuária das margens direita e esquerda do Porto de Santos ainda não estão prontas e faltam bolsões de estacionamento. A ligação seca entre Santos e Guarujá ainda é um projeto a ser executado e a construção de novos acessos ao Polo industrial de Cubatão, que também ajudaria a desafogar o trânsito santista, está no nível das negociações. Outra questão é a falta de investimentos em ferrovias, hidrovias e dutovias. O funcionamento de uma ferrovia Norte-Sul, por exemplo, ajudaria a diminuir a pressão imposta pelo modal rodoviário no caso do transporte de grãos produzidos na região central do país.

A verdade é que nem o governo estadual nem o governo federal botaram a mão no bolso no tempo certo e agora o maior porto da América Latina sofre com esse descompasso. Ele e as populações de Santos, Guarujá e Cubatão, cidades onde todos os problemas desembocam. Nosso porto é importantíssimo para o país e, logicamente, para a região onde ele está instalado, mas as pessoas que vivem em volta dele não podem mais continuar vivendo em meio ao caos. O Porto deve gerar emprego e desenvolvimento sem prejudicar a qualidade de vida dos que estão ao seu redor.

Enquanto as obras de peso não se concretizam, restam medidas emergenciais, como a construção de um novo acesso à Alemoa, a instalação de coberturas nos terminais açucareiros (para que as operações de embarque não parem em dias de chuva) e o controle efetivo das cargas que entram em Santos. Codesp e operadores portuários precisam se organizar. Não é mais possível permitir a descida de caminhões que não tenham programação de embarque. Lugar de esperar movimentação de carga é em bolsão de estacionamento no planalto e não nas ruas e marginais das rodovias da baixada santista.

Beto Mansur

Deputado Federal

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